segunda-feira, novembro 15, 2010

Branca de Neve, Márcia Tiburi.

Cada um, Homem Mulher ou alem
Tem dentro de si uma Branca de Neve
E seus sete pecados
Pequeno ciclo de vida psíquica
Em que cada um nasce cresce e morre
Ela não quer ver, nem deixar ver
Ela não sabe da ordem do mundo das guerras,
Dor e sofrimentos corrupção
Toda sorte de maldade
E ela reina sobre o seu país de tontos.
Eu não sabia
Ela foge do príncipe
Que depois a capturará para sempre
Por pura preguiça moral
Escava o próprio tumulo
Ela é boa e má
Se ama enquanto se odeia
No espelho ela procura a beleza encontrando a feiúra
É a princesa que vê a bruxa?
A bruxa que é a princesa
Quem sou eu se sou o outro?
Uma quando nenhuma
A que se deixa levar pra não ter que tomar providencias
Não é livre nem escolhe fugir ou ficar
Confia em qualquer um
Submersa que esta, no seu paraíso perdido
Reino do narcisismo,
Quando o mundo foi feito para lhe servir
E ela se deixa conduzir
A criança que espera encontrar satisfação
Desejo realizado pelo choro
Magia que alia mulheres a fraqueza e infantilidade
Dou-lhe a mão, acendo a lâmpada no escuro?
A mesma que serve aos desconhecidos
É a que se aproveita dos mais próximos
A mesma que seduz é que a manda
A que serve é a que espera lucrar
A que não faz nada sem esperar retorno
Por não querer ver ela confia em todos
E para nunca desagradar
Ela aceita o que lhe dão
O narcisismo barato como uma mercadoria
Para não trair seu espelho
Para que ele não lhe diga a verdade
Ela aceita o fruto, o resultado
Ela a Bela a Pobrezinha a Servil a Passiva a Tonta a Sonsa
A inconseqüente paga o preço de sua burrice
Não sendo capaz de resistir à maçã
Esquecida do seu destino de Adão de saias
Ela é expulsa do paraíso
Perdeu sua inocência
E pagou com a morte
Uma morte simbólica muito especial
E aqui termina a nossa historia
Cada um tem sua maça envenenada
Fruto da arvore do conhecimento
Do Bem e do Mal
É por ela que se morre como o espelho de narciso.

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